Para que o
processo de autotrofia ocorra, estes seres utilizam energia luminosa – seres
fotoautotróficos – ou energia resultante de reacções de oxidação-redução de
determinados compostos químicos – seres quimioautotróficos.
Fotossíntese
A
fotossíntese é um processo complexo que envolve a utilização da energia
luminosa na produção de substâncias orgânicas a partir de C e , com
a libertação de , realizado pelas cianobactérias, pelas algas e pelas
plantas. Pode, por isso, dizer-se que estes seres convertem a energia luminosa
em energia química.
A fotossíntese reveste-se de uma grande
importância para os seres vivos porque:
·
Produz substâncias orgânicas a partir de
substâncias inorgânicas;
·
Transporta a energia luminosa em energia química,
que fica armazenada nos compostos orgânicos sintetizados; · Produz o oxigénio, gás essencial para a sobrevivência da maioria dos seres vivos.
Os
principais pigmentos fotossintéticos presentes nas plantas e nas algas são as clorofilas.
Através da análise do espectro de absorção dos diferentes pigmentos,
constata-se que as clorofilas a e b possuem picos de absorção que
se situam nas zonas azul-violeta e vermelho-alaranjado do espectro de luz
visível. Por essa razão, plantas sujeitas experimentalmente a luz com
diferentes comprimentos de onda apresentam diferentes taxas fotossintéticas.
Quando os
pigmentos fotossintéticos absorvem luz, os seus electrões passam para níveis de
energia superiores. Os electrões excitados podem, seguidamente, regressar ao
nível energético inicial – estado fundamental – libertando energia sob a
forma de calor ou de luz, sendo este último caso designado fluorescência.
Admite-se, actualmente, que as clorofilas e os outros pigmentos
fotossintéticos estão dispersos na bicamada fosfolipídica da membrana interna
dos seus cloroplastos.
Durante as
décadas de 40 e 50, foram realizadas experiências que contribuíram para
esclarecer as etapas envolvidas no processo fotossintético. Essas experiências
permitiram verificar que a fotossíntese compreendia duas fases:
·
Uma fase em que as reacções dependem da luz – fase
fotoquímica.
·
Uma fase não dependente directamente da luz – fase
química.
Fase
Fotoquímica
Nesta fase,
também designada por fase dependente da luz, a energia luminosa, captada pelos
pigmentos fotossintéticos, é convertida em energia química, que vai ser
utilizada na fase seguinte. Nesta etapa ocorrem:
·
Fotólise da água – desdobramento
da molécula de água em hidrogénio e oxigénio na presença da luz.
O oxigénio é libertado e os hidrogénios cedem os
seus electrões, que vão ser captados pela clorofila quando oxidada. Por esta
razão, a água é considerada o dador primário de electrões.
·
Oxidação da clorofila – a
clorofila, quando excitada pela luz, perde electrões, ficando oxidada.
Esses electrões vão ser transferidos ao longo de uma cadeia de moléculas
transportadoras de electrões até serem captados por um transportador de
electrões, que fica reduzido.
·
Fotofosforilação – ao
longo da cadeia transportadora de electrões ocorrem reacções de
oxidação-redução com libertação de energia. Essa energia é utilizada na
fosforilação do ADP em ATP num processo chamado fotofosforilação.
Fase Química
Nesta fase,
também designada por fase não dependente da luz, ocorre a redução do Carbono e a síntese de compostos orgânicos num ciclo de reacções conhecido como
ciclo de Calvin. Este compreende, basicamente, as seguintes etapas:
· Fixação
do Carbono ;
·
Produção de compostos orgânicos;
·
Regeneração da ribulose difosfato (RuDP). De uma
forma mais particular:
·
|
O ciclo de Calvin tem início
com a combinação do C
|
com uma
pentose, isto é, um
|
|
glícido formado
por cinco átomos de carbono
– ribulose difosfato (RuDP)
–
| |
|
originado um composto
intermédio instável, com 6 carbonos;
| |
·
|
Este composto
origina, imediatamente, duas
moléculas com três
átomos de
| |
|
carbono – ácido
fosfoglicérico (PGA);
|
|
·
As moléculas de PGA
são fosforiladas pelo ATP e posteriormente reduzidas pelo NADPH, provenientes
da fase fotoquímica, formando aldeído fosfoglicérico (PGAL);
·
Por cada doze moléculas de PGAL formadas, dez são
utilizadas para regenerar a RuDP e duas são utilizadas para sintetizar
compostos orgânicos;
·
Para se formar uma molécula de glicose, é
necessário que o ciclo se realize seis vezes,
gastando-se seis moléculas de C ,
dezoito moléculas de ATP (três por cada ciclo) e doze moléculas de NADPH
(duas por cada ciclo).
Durante a fase
não dependente directamente da luz (reacções químicas), verifica-se:
· A
incorporação do C ;
·
A utilização da energia química contida no ATP e
poder redutor do NADPH para formar compostos orgânicos.
Quimiossíntese
Na
quimiossíntese, tal como na fotossíntese, é possível distinguir duas fases:
·
Produção de moléculas de ATP e redução de um transportador (NADPH) – da oxidação de compostos minerais
(por exemplo: libertam-se
electrões e protões que vão ser transportados ao longo de uma
cadeia, ocorrendo a fosforilação de ADP em ATP e a
redução do transportador (NAD em
NADPH).
·
Fixação de dióxido de carbono – esta
fase corresponde à fase química da fotossíntese, ocorrendo também aqui
um ciclo idêntico ao de Calvin, onde intervêm as moléculas de ATP e de NADPH
produzidas na fase anterior. Neste ciclo verifica-se a fixação do dióxido de
carbono, que é reduzido, permitindo a formação de substâncias orgânicas.
A
fotossíntese e a quimiossíntese diferem basicamente em dois aspetos:
·
Na fonte de energia utilizada – energia
solar (fotossíntese) e energia resultante da oxidação de compostos
minerais (quimiossíntese);
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